"Bebe o dono, bebe a dama, bebe o servo, bebe a ama, o burguês com o vago o camponês com o mago. o marginal, o indigente, o moço e o veterano, bebe o abade com o decano, bebe o irmão, bebe a irmã, bebe o velho, bebe a anciã, bebe o nobre, bebe o vil bebem cem e bebem mil. Mas ao beber na alegria, falsos irmãos de nós judiam sempre nos vilipendiam. Quem nos inveja, seja maldito, no livro dos justo não fique inscrito" (Os Goliardos)
Panóptico
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
ODE SERTANEJA (À PATIVA DO ASSARÉ)
Grande cabra-da-peste Patativa,
eu te saúdo, meu irmão de enchada
e sonho nas mãos!
Seu canto “pa-lavra” a terra dura
ante os olhos esbugalhados
do Caburé sobre os rochedos
do São Francisco.
A “lira servage”
de sua alma encaliçada
desperta os espíritos
dos backlands que cavam os açudes
de suores e nervos
a vislumbrar um
“sertão de possibilidades”
a pesar de você acreditar
nas histórias
do coroné Padim Ciço Romão.
Seu canto é sertão, é a enxada
carreirando o milho certo
por linhas tortas e bem postas,
é as tragédias que se estatelam
nas serras do Cariri.
Você é topado, poeta pé-duro e valente
como Lampião
varando as estradas na peleja
contra os macacos do Governo,
é corajoso, cheio de armada e arte
como os toureiros
Diabo Louro e Casa Grande
quando domaram
o raivoso boi Mangangá.
É você o poeta das coisas simples
como puleiro de galinhas
e curral de bode,
que canta e chora como a velha viola
sobre seus ombros cansados
mas não vencidos,
que narrou suas histórias e cantigas
para aliviar
o peso do enxadeco que lasca
as mãos dos roceiros do sertão,
que tira onda
feito o cão da embira
com os eruditos de fachada
e suas baboseiras gramaticais
cuspidas nas salas ocas
das Universidades.
Eu te saúdo, poeta cabra-da-peste,
teu canto é teu, é meu, é nosso
SERtão.
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