Vou andando por entre a multidão
Com pressentimentos de albatroz,
Ouço protestos cansados e vãos
Que se arrastam e mordem o pó.
Semblantes famintos e sofridos
Surgem nos bairros sujos do lodo
Percebo o caos e o torpor inscritos
Sobre a pátria merda desse povo.
Ao som do mau-gosto tão profundo
É celebrada a festança trio-lúdica...
Nos palcos precários do submundo
O povo dança conforme a música.
Dos becos lamacentos da noite,
Ouço a fala enlatada dos pregos
Os estalos graves dos açoites
Espetam os olhos destes cegos.
Urbanóides movidos à máquina
Aspiram a líricos projetos
Crocodilos banhados em lágrimas
Pelas ruas rudes de concreto.
E o povo nesse circo de mamatas
Arrasta-se através dos tempos
Só vomitando sapos e pragas
Perdido em seus passos sonolentos.
2 comentários:
Andrade meu irmão... você escreveu isso no dia 01 de maio e se aplica muito bem ao 07 de outubro.
Parabéns, vou usar esse texto em aulas minhas!
Antonio Santiago
Valeu, Antônio. Use e abuse em prol da reflexão política. Ficarei grato.
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