"Aracaju ao pôr do sol" (por Danilo Nunes) |
O sol se esgueira por sobre os prédios de Aracaju,
os pardais enchem o céu de barulho
as ruas e avenidas estão tomadas
pelas buzinas e fumaças
Garotos e garotas chegando às
escolas,
sob os cuidados de pais apressados
Operários com celulares e relógio Oriente
enchem os coletivos e táxi de lotação
condicionados como máquinas
para cair nas mãos sensíveis
dos capatazes da infernaria
depois de um domingo de bebedeira
e putaria nos bordéis, templos e
igrejas.
A visão do paraíso re-brilha
A visão do paraíso re-brilha
nas vitrines dos shoping centers
o pagamento na data inadimplente,
a venda da alma com a corda no pescoço
por um alto preço e um custo
incerto,
Eles ainda acreditam em monstros,
no retorno do messias e na decência
eles dizem que a ação
humana é tudo,
mas colocam seus passos e pegadas
sob vigilância da velha malandragem
dos doutores da retórica.
Lembro de Oswald nas ruas de Sampa
sob vigilância da velha malandragem
dos doutores da retórica.
Lembro de Oswald nas ruas de Sampa
carroças nos trilhos dos bondes
eruditices de fachada anti-Patativa
nas entresalas do discurso vaidoso
Eles parecem que não estão
antenados
com o real da vida excessivamente humana
Vejo todos se arrastando como lagartos
nos asfaltos manchados de freios.
No fundo, todos nós somos
incrédulos...
mas o rebanho faz o pacto com o
doutor
Os poetas estão cheios de palavras,
poucos tocam a rés do chão,
Os artistas falam de coitas d’amor
e de remelexos pagodeados
que fazem tremer o
esqueleto
dos bonecos de deus.
O Brasil vai bem e Aracaju sorri
dos bonecos de deus.
O Brasil vai bem e Aracaju sorri
como uma bela puta socialite cinquentona
catando fichinha entre as
paredes hedonistas
da Assembléia Legislativa e salões
de festas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário