A criança
não está morta!
Ela levanta
os punhos junto à sua mãe.
Quem
grita África ! brada o anseio
da
liberdade e da estepe,
Dos corações
entre cordões de isolamento.
A criança
levanta os punhos junto ao seu pai
Na marcha
das gerações.
Quem grita
África! brada o anseio da justiça e do sangue
Nas ruas,
com o orgulho em prontidão para luto
A criança
não está morta!
Não em
Langa, nem em Nyanga
Não em
Orlando, nem em Sharpeville
Nem na delegacia
de polícia em Filipos
Onde jaz
com uma bala no cérebro
A criança
é a sombra escura dos soldados
Em prontidão
com fuzis sarracenos e cassetetes
A criança
está presente em todas as assembleias e tribunais
Surge aos
pares, nas janelas das casas e nos corações das mães
Aquela criança,
que só queria brincar sob o sol de Nyanga, está em toda parte!
Tornou-se
um homem que marcha por toda a África
O filho
crescido, um gigante que atravessa o mundo
Sem dar
um só passo.
Tradução
livre de Maria Helena D´Eugênio
***
THE CHILD WHO WAS SHOT DEAD BY SOLDIERS AT NYANGA
(INGRID JONKER)
(Tradução
para o inglês do original em Africâner)
The child
is not dead
The child
lifts his fists against his mother
Who
shouts Afrika ! shouts the breath
Of
freedom and the veld
In the
locations of the cordoned heart
The child
lifts his fists against his father
in the
march of the generations
who
shouts Afrika ! shout the breath
of
righteousness and blood
in the
streets of his embattled pride
The child
is not dead
not at
Langa nor at Nyanga
not at
Orlando nor at Sharpeville
nor at
the police station at Philippi
where he
lies with a bullet through his brain
The child
is the dark shadow of the soldiers
on guard
with rifles Saracens and batons
the child
is present at all assemblies and law-givings
the child
peers through the windows of houses and into the hearts of mothers
this
child who just wanted to play in the sun at Nyanga is everywhere
the child
grown to a man treks through all Africa
the child
grown into a giant journeys through the whole world
Without a
pass.
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