"Bebe o dono, bebe a dama, bebe o servo, bebe a ama, o burguês com o vago o camponês com o mago. o marginal, o indigente, o moço e o veterano, bebe o abade com o decano, bebe o irmão, bebe a irmã, bebe o velho, bebe a anciã, bebe o nobre, bebe o vil bebem cem e bebem mil. Mas ao beber na alegria, falsos irmãos de nós judiam sempre nos vilipendiam. Quem nos inveja, seja maldito, no livro dos justo não fique inscrito" (Os Goliardos)
Panóptico
quarta-feira, 23 de março de 2011
ESPIRAL (por Marcelo Primo)
Uma vez tentado o incurso às margens dessa mesmice latente,
È inevitável o embate com a espiral da existência, a mim presente...
Fazendo-me circular e circular, procurando sentido a esmo,
Anúncio de um fim deveras conhecido,
o enfadonho retorno do mesmo...
Suficiente já é uma olhada en passant à minha volta,
Floresce a verve, inflamada pela angústia, asco, revolta...
Mas a espiral age pelas entranhas, hic et nunc, fisiologicamente,
Labirintite do real, giros e mais giros, sucessivamente...
È possível fincar-se na razão, diante das vertigens mundanas?
Diante da descarada letargia, que aí está deixando mentes insanas...?
Ser, estar... é como lançar uma diatribe a um absurdo quixotesco,
Com a morte na alma é dizer pouco deste estado espúrio, grotesco...
Volto, vacilante, perpassando mais uma volta dentro da espiral,
Trajeto sinuoso, tortuoso, que sempre conduz ao mesmo final...
Ora, mas que é esse fim senão um começo?
O mesmo ponto de partida
Que encontro em todos os lugares e momentos, não havendo saída...
(By Marcelo Primo)
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