Panóptico

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

XAMÃ-CABÔCO (Poema-tributo a Chico Science, sempre presente na quântica dos sons)


Era noite no mangue da periferia,

a miasma da mesmice massificada

fodia as entranhas

                  dos homens caranguejos,

o tédio massageava a alienação

numa espiral mercadológica de sons.


Da lama ao caos, os recifes da vida

cortavam os ânimos e os nervos;

Mas, de repente, o surto criativo rebentou

nos cérebros antenados dos mangueboys

marcados de idéias, signos e sotaques.

Fez-se ouvir então nos becos lamacentos

o rock and roll híbrido inusitado

de batidas e batuques tribais.


Em meio a esse lusco-fusco neo-regional,

regado a cachaça e a maracatu,

surgiu o xãma-cabôco

 reciferando um otimismo beat,

que arrombou as barreiras da mente,

numa performance afrociberdélica

              com toda a Nação Zumbi.