Panóptico

terça-feira, 2 de agosto de 2011

ASSIM EU FIZ, ASSIM EU QUIS (por Pirro)


"Sisifus the faculties" (1914), pintura de Max Klinger

Sobre os meus ombros
os dias passam como essas ruas
                 de sábados no Bugio.
Sobre os calos de minhas mãos
repousa um copo de cerveja
como uma ode de Walt Whitman
                  depois dos combates
                              contra as merdosofias
afinal, o guerreiro merece uma saudação.


A alma devorando e cuspindo
os momentos sensacionais
em que nossos bons olhos
            redimem o mundo
              detonando os pessimistas
               e aceitando o destino
                  e seus cânticos de batalha.
Acasos, romances, delírios,
duros bocados, alegrias e fortitudes
                cimentam
            o meu caminho
de sangue, suor e esperma.


Na linguagem de meu corpo
falam através de séculos
          meus pais e avós
          cujo eco de potência e fibra
estronda as paredes dos meus sentidos:
“só se consegue mudar o mundo
                       com a força do exemplo”.


Aviso então aos navegantes
da nossa modernidade
             que os excessos de palavras
                    podem atrofiar a língua.
Basta um gesto
e estamos criando a liberdade
Basta a vontade de criar
e afirmamos às marteladas:
assim eu fiz, assim eu quis
Fodam-se os tribunais da consciência
                     e da moral relespública!

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