Panóptico

domingo, 5 de fevereiro de 2012

INVECTIVA PÓ-ÉTICA (por Pirro)
















Por que estou olhando o sol frio da madrugada,
no outro lado da cidade 
sem boates nem shopping centers?
Por que contemplo as bucetas divinas
que passam pulsantes 
diante de meus olhos de carcará?


Por que me chapo de cachaça até a tampa
nas mofadas tardes aracajuanas?
Por que busco acender uma chama  
entre as bestas mascaradas de cordeiros
que pastam nos campus universotários?


Por que ando plantando escarros
no meio de uma legião de hipócritas cristãos,
que ainda celebra o que há tempos 
já não pode ser celebrado?
Por que proclamar a igualdade,
se existem idiotas para serem domesticados?


Ora, ora... fodam-se os sacerdotes de plantão!


Felizes são aqueles que buscam 
            no chiqueiro de suas vidas
            uma postura pó-ética
            que afirme a vida em seu constante devir
            sem rezas, auto-ajuda ou metafísica.


Felizes aqueles que sabem colher ervas
            em seu próprio quintal,
            sem se preocupar 
            com o barulho messiânico
            do outro lado do muro.

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