Panóptico

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

POEMA-SEM-FUTURO















"Não há nada de novo debaixo do sol"
(Eclesiastes)


Se for natural, meu chapa, fume seu cigarro
no escuro de um lugar propício
ou nos confins da Atalaia Nova
onde os últimos solitários abraçam a noite
e assistem a face medonha de Moloch
comandando a cidade dos papagaios

Moloch, Moloch, Moloch
num ataque de ambição e poder
surge do martelo da assembléia legislativa
e do sino patológico da catedral
refletido na face dos políticos e religiosos
turvando as águas do Rio Sergipe

Cadê o déga, cadê o déga!
eis que os camaradas precisam relaxar
ante a pressão da civilização selvagem

Cheire a lei de sua vontade alternativa
e segure a sua onda com calma
porque o bright dos postes ilumina
vários rostos sem nomes
dispersos desde os becos de lama
até os arranha-céus do Jardins

Moloch, Moloch, Moloch
brota num ataque epilético de proíbição
que reluz seus sinais de pavor
na gaiola de concreto e vidro
entre semáforos, buzinas e trocas de afetos

Cadê o déga, cadê o déga!
eis que os rapazes precisam dirigir a cabeça
ante o mal-estar da barbárie civilizatória...

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