Panóptico

sexta-feira, 17 de junho de 2016

DE CORDEIROS E ICONOCLASTAS




Quadro de Augusto César




















Nas profundezas de um mar morto
Lá estão os mortos vivos, homens náufragos –
Que sangram suas retinas
Na armadilha dos apóstolos,
Neuróticos assassinos dos espíritos livres.

Por sobre arranha-céus e favelas
o porvir está vindo num pavio de pólvora
trazendo, quem sabe, os restos mortais de deus
(que nunca existiu de fato),
no instante em que “os cães ladram, mas caravana não pára”.
E o sonho está logo ali
como um futuro medonho
cheirando os calcanhares dos cordeiros.

Nosso grito precipita-se no ar
E pousa como um macuquinho
Numa represa gelada de homens,
Onde o canto contorcido dos beatniks 
Resiste lambendo suas próprias feridas
Sem remorsos nem lamentos.

Indistintos clarões de luz
explodem nos bairros sujos de caras muito loucos.
Esses loucos são uma outra estirpe de cardumes
movimentando os parafusos e as ferramentas
herdadas das mãos ensanguentadas
dos velhos iconoclastas malditos.

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