Panóptico

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sábado, 6 de agosto de 2011

BLAS-FÊMEA ÀS MARGENS DO ATLÂNTICO (por Pirro)
















Se eu não te ver de novo, baby
minha navalha irá beijar
como um gato preto
a pele de réptil de suas fantasias,
e aí deixarei o sol invadir meu cérebro
e me queimar com todos
os copos de aguardentes
que nos sacodem e nos fazem vibrar.
Quando você menos esperar, baby
Estarei à meia-noite
batendo em sua porta
e cobrando o aluguel
do eterno silêncio que você me confiou,
esteja com quem estiver,
o sátiro rirá dos receios em suas caras.


Sei de seus desejos, baby
tão escuros como a noite no sertão,
sei de seus traquejos e de seus medos
sei de seus uivos às duas horas da manhã
inquieta como uma cadela no ví-cio
quando tem sede e tem fome.
Sei de seus crimes e de suas angústias
quando os senti como um cúmplice
enquanto o vento do Mar Atlântico
sacudia seus cabelos surrados
e soprava dentro de meus olhos.


Sabemos que um dia ainda
nós vamos nos bater por aí, baby
sabemos que nos olharemos de novo
sabemos que sentiremos uma fisgada
como gosto de sangue e gozo
expurgado de seu a-braço
em meio à fumaça filada
que sai de minhas narinas.

Sabemos que toda brincadeira
no fundo pode se tornar verdade,
sabemos que muitas mentiras
são pegas com as calças no chão,
e que você incondicionalmente
está na mão do Destino
que sorri sozinho
num canto escuro da cidade,
onde as luzes dos postes
não podem tocar...
Lá onde repousam graves segredos
de uma Blas-fêmea
sob a máscara de Pandora
reluzindo nas areias da Aruana
às margens do Atlântico.