Panóptico

quarta-feira, 13 de abril de 2011

VÔ-MITO SU®REALISTA (por Pirro)

The flame (1934-38), by Jackson Pollock.



















Somos como as ondas do mar
somos como o vento
que faz piruetas nas ruas e quintais
meu sangue borbulha,
minha boca baba
minha carne treme
e o tempo passa...
voa... volta... voltz...
eterna repetição do mesmo
eletrochoque na mente
ácidos nas veias
o velho ressoar de vozes,
            de trocas, de carícias
um doido na esquina rumina
um mendigo sentado na calçada
come um pão velho
uma dama de vestido verde
e pernas fantásticas passa na Beira-mar
os operários da futura mansão da 13
fazem caçadas no cimento
e um deles mira a pérola:
“É verde, imagine
quando tiver madura!”
um fanático religioso prega no ônibus
um sujeito boa pinta sofre de amor
um outro mata friamente
o pobre come o biscoito
da inimiga ignorância
a guerra explode no Iraque,
Um sanguinário armado até os dentes
sai matando inocentes in nomi dei
nos becos e malocas do mundo
E coitado do diabo é o culpado!
os degustadores bebem
a cerveja cômoda de suas vidas
enquanto os honrados políticos
fodem com o mundo
e gastam com suas belas putas.


Lá na frente
encontros
encontrões
desencontros
um girar de sensações
e pensamentos desejos
fundos secretos conflitos
de rajadas e bombas
histórias de traição e crimes
histórias de ganância,
reluzindo como bronze
na cara dos parasitas do Estado,
como ouro em pó
na face colgate
do sombrio sorriso uruburguês.


Tudo isso
irá retornar amanhã?
e tudo isso vai passar
mas irá se repetir?
a cada lance de dados
nas veredas e ruelas do mundo
ser e não ser
é e não é
unidade da contradição humana?
Onde deus? Onde o demo?
Cadê o Messias que não chega?
k k k k
         k k k k
                  kkkkk
                          kkkk
O palhaço ri e dá cambalhotas
nos circos da vida severina
segunda feira de 2010
poderia ser século I antes de Cristo
e ele não deveria nem ter nascido
poderia ser 3010
o devir do mesmo misturado.
Estamos no mesmo barco
e nunca no mesmo rio,
a qualquer momento poderemos afundar
a não ser que o derrubador de ídolos
se rebele nas trincheiras de uma guerrilha
e os políticos e religiosos
sejam enforcados
com seu próprio
                         OLHO grande
                             e sua
                         MÃO oculta
                                   mais-valia
                                   máscara
                                   medonha.
                                   

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