Panóptico

terça-feira, 1 de maio de 2012

PRESSENTIMENTOS DE ALBATROZ (Pirro)



















Vou andando por entre a multidão
Com pressentimentos de albatroz,
Ouço protestos cansados e vãos
Que se arrastam e mordem o pó.

Semblantes famintos e sofridos
Surgem nos bairros sujos do lodo
Percebo o caos e o torpor inscritos
Sobre a pátria merda desse povo.

Ao som do mau-gosto tão profundo
É celebrada a festança trio-lúdica...
Nos palcos precários do submundo
O povo dança conforme a música.

Dos becos lamacentos da noite,
Ouço a fala enlatada dos pregos
Os estalos graves dos açoites
Espetam os olhos destes cegos.

Urbanóides movidos à máquina
Aspiram a líricos projetos
Crocodilos banhados em lágrimas
Pelas ruas rudes de concreto.

E o povo nesse circo de mamatas
Arrasta-se através dos tempos
Só vomitando sapos e pragas
Perdido em seus passos sonolentos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Andrade meu irmão... você escreveu isso no dia 01 de maio e se aplica muito bem ao 07 de outubro.

Parabéns, vou usar esse texto em aulas minhas!

Antonio Santiago

Pirro disse...

Valeu, Antônio. Use e abuse em prol da reflexão política. Ficarei grato.