Panóptico

quinta-feira, 31 de maio de 2012

THE STRIP (por Fernando Sá)

Fremont Street -  Las Vegas

Enquanto caçava os níqueis de meu coração despedaçado
Arturo Bandini me fitava
Do outro lado da mesa.

Las Vegas,
City de Memórias de filmes idos
meu pai
Entre um continental – sem filtro – e outro.

O cheiro do carpete mofado do Astec Inn
cassino disputado por velhos em suas últimas apostas
- DE VIDA –
Quase sempre frustradas,
Como as putas de plantão.

O ventilador de teto olhava-me impassível e lento
Entre câmeras de vigilância
Lembrando-me dos quartos do Real Porão
Em Brasa City.

Mar de luzes de freio
Pássaros brotavam de árvores
A caminho do hotel.

A lua entrava na sala e eu conversava com os astros
Em busca de decifrar os passos futuros.
Meu filho me esperava em casa
Prestes a nascer
E eu aqui percorrendo as ilusões do deserto
Colorado River.

Nas encruzilhadas da cidade-cassino,
Pensei domar os instrumentos dos sonhos.
Peter Tosh catarola Depression man no rádio
Enquanto a máscara, que enfeitava o quarto, fitava-me questionadora:
Aonde foram parar os sonhos revolucionários de antanho?

Tudo continuava atrasado, inclusive os sonhos naquela noite
Que também não chegaram.

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