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sábado, 6 de agosto de 2011

AUTOBIOGRAFIA (por Camila Pequena)

"Porias o universo inteiro em teu bordel" (Charles Baudelaire)
Sou impressionável, Emotiva e objetiva,
Tímida e intolerante,
Caprichosa e negligente
Melancólica,
Independente
Inconvencional.
Mas que diferença isso faz?
Eu sou só uma puta que teme o ridículo.
Minha poesia sou eu
E eu sou puta.


Sou pobre, muito pobre,
Alguns dizem que minha alma é ainda mais
Fodam-se – todos –
Gosto de gente intelectualizada
Engraçada, divertida
Mas quando elas me querem
Só querem a mim, puta.


Minhas atividades são enérgicas,
Entusiásticas
Sou uma empreendedora,
Mas tudo é breve
Minha infância passou logo
Minha adolescência começou e acabou cedo
E eu não sou adulta
Sou a pobre, puta, infeliz
Que teme a vida, a morte, a vida
Que teme a velhice
Por que puta velha é nada...
E que odeia ser pobre
Odeia ser puta
Odeia não ter nada
Mas adora sexo e dinheiro


Quer saber?
Fodam-se todos.
Inclusive o que não falam nada
Os intelectuais, engraçados
Eu sou sempre comprada e descartada
Porque são todos fracos
Que precisam me comprar
Que precisam me usar
Fracos! Fracos! Fracos!
Pobres de vocês e de mim...


Eu sou um receptáculo
De esperma
De medos
De desejos
De angústias
Porra!
Eu sou puta


Um receptáculo humano
Confortável,
Seguro
E acolhedor.

sábado, 1 de janeiro de 2011

A CATEDRAL (por Clark Bruno)














Os sinos batem
Meia-noite
Num quarto apertado uma puta finge gemer
Ao seu lado um desconhecido aperta o bico
do seu seio
Como num rádio antigo, ele procura a melhor
sintonia
Enquanto na catedral, a velha prostituta-matriz
Um mendigo acende um derby e sopra a
Fumaça para a lua
Em sua volta meninos de preto profanam
A santa puta rainha das procissões,
             como símbolos de escárnio
Estão cansados de sua pontual ditadura cotidiana
Porque todos sabem, do ladrão ao delegado
que a catedral nunca atrasa
Aracaju, sim, vive a se atrasar ao girar sem
sair do lugar
Numa órbita aterrorizante de estagnação
Não é à toa que suas ruas vira-e-mexe dão
no mesmo lugar
Na fossa natural do atraso mental chamado
Rio Sergipe
Onde é despejada a mais tradicional merda
Aracajuana
A merda eletrizada ao som baiano e vestida
de blindex e granito
E a catedral?
Fazendo igual ritual
Meia noite e meia
Mais uma batida
A prostituta mente ao gozar
O desconhecido tira duas notas amassadas do bolso
O mendigo faz um carrinho de supermercado
de cama
Os meninos de preto
 já há muito cheios de 51 com coca
Gritam: Deus morreu!
Outra batida
A polícia chega
Alguém assustado apaga um baseado
Uma beata com insônia começa a orar.