nos cubículos de uma favela do Terceiro Mundo
ou nas ruas novayorkinas de Basquiat.
Meu verso é como um Sócrates esfarrapado
sentado no calçadão da 13 de Julho orgulhosa
assistindo ao pequeno glamour primeiro-mundista
de Aracaju.
Meu verso é como um urro destruidor
de poses e conceitos
ante os holofotes americanos,
tem tudo a ver com caos e revolta
no underground da mente
onde há um concerto de rock and roll
repleto de fumaça, uísque e sexo.
Meu verso cospe nos sapos
da indigestão moral
e dá à luz a um hipster-beleza
pronunciando cânticos hereges
e abraçando a geração
que anunciou a morte de deus.
Meu verso mija no plenário
do Congresso Federal
e dispõe de um falo rabiscado
por Felicien Rops
que serve como parque de diversão
para as Madalenas que eu amo.
Meu verso é a enxada do nordestino
que rasga a caatinga do sertão
esperando a chuva cair para fazer a festa.
Meu verso é a sentinela atenta
sobre o pico do Aconcágua
ouvindo em silêncio
as epopéias e tragédias da América
como nas telas revi-vidas
de Glauber ou Scorsese.
Meu verso se eletrifica
nos ímpetos do corpespírito
sob um tropel de paixões
afirmadoras e saudáveis.
Meu verso tem como coordenação motora
a própria necessidade encarnada na terra.
É por necessidade então que varo os dias
consumindo a cachaça de meu corpespírito
e vagando inquieto pelo fabulário cotidiano
como os pássaros negros de um filme noir.
(Pirro)
"Bebe o dono, bebe a dama, bebe o servo, bebe a ama, o burguês com o vago o camponês com o mago. o marginal, o indigente, o moço e o veterano, bebe o abade com o decano, bebe o irmão, bebe a irmã, bebe o velho, bebe a anciã, bebe o nobre, bebe o vil bebem cem e bebem mil. Mas ao beber na alegria, falsos irmãos de nós judiam sempre nos vilipendiam. Quem nos inveja, seja maldito, no livro dos justo não fique inscrito" (Os Goliardos)
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