Panóptico

quarta-feira, 14 de julho de 2010

METAPOEMA VISCERAL II

A poesia brota da Terra feito cacto
num realismo impressionista
de tripas-medula-sêmem-coração.
O autêntico poeta é como um cão largado
como quem se embriaga de entorpecentes
e não se importa
com os manuais gelados da bestética.
A crença no “belo” é para os poetas das ruas
uma fantasia adolescente de donzelas
à espera de um príncipe encantado.
A maioria dos poetas é rãs de pântano
e seus versos são como carne de galinha de granja
cheios de hormônios artificiais,
suas imagens poéticas são frias
como as vísceras de porco
sobre as bancas das feiras –
nada dizem além de suas dores de cotovelos.
Esses poetas de receituários
não vivem, apenas devaneiam
por trás de seus belos versos e idéias.
Sua poesia mata a vida e renega a terra
com suas entranhas
escoriadas de delírios e histerias
Eles são somente espantalhos do espírito
tremulando nas colunas
dos jornais ou sites coloridos.
Deixem os metafísicos sem sangue
se deleitarem nas cadeiras de ouro
de suas academias.
Não fomos nascidos
para tomar chá no asilo dos imortais
             sobre tapetes vermelhos
        vendendo homenagens
aos sábios de fachada.
Que o nosso mundo seja redimido
pelo poema-homem-mulher real
com toda a eletricidade da carne viva
inscrita no papel em branco da Terra
sem frescuras nem ilusões estúpidas.
                                                                    (Pirro)

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